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Lua em capricórnio



Talvez eu precise ouvir no rádio, quiçá um café mais forte e amargo. Um banho gelado. Quem sabe preciso ouvir de você. Talvez sejam as luzes cidade, as cores, a música que o carteiro assobiou ou o telefone que não tocou. Talvez seja toda essa história mal resolvida cheia de bem-me-quer, querendo.


Lembro. Ele colocou a mão no meu ombro e me perguntou se eu gostava do verão. Gostava do calor das pessoas, dos quadris se mexendo, água fresca, da chuva no final de tarde. E dele.


Coisas óbvias, afinal, como não?


Vá ver é só delírio, fascínio, mistério. Erro comum ou coisa parecida. Pode ser. Ou coisa nenhuma, fruto do que inventei e gostei. E agora? Quem sabe precise de um café mais forte e um olhar contente. E dele. Pode ser que seja apenas Marte entrando em quadratura com a Lua. Vá ver são os segundos, que se arrastam por não ver aquele par de olhos, que são tão íntimos com os meus.


Ou seria realidade? Gostava de um jeito que não se entende, como quem gosta de filmes em preto e branco ou quem não repara na cor do céu. Claro que nenhum de nós tem culpa desses inúmeros “talvez” disfarçando a covardia. Hora ou outra um acredita que pode viver sem o outro, e o que sobrou reza baixinho pra escapar.


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